quinta-feira, 27 de setembro de 2012

The Call of Cthulhu (2005)

Baseado no famoso conto de H.P. Lovecraft. Na estória, um professor moribundo deixa a seu neto uma coleção de documentos relacionados ao "Culto de Cthulhu". O neto começa a descobrir porque os estudos de tal culto fascinavam tanto seu avô. Pouco a pouco ele começa ter curiosidade com relação ao assunto, assim como seu avô, e começa a investigar, tomando isto como sua própria cruzada. Quando começa a perceber a pertubadora e mortal realidade da situação, sua sanidade começa a desmoronar.


Por mais que na análise de um filme a dissociação com relação à obra que lhe deu origem seja saudavelmente necessária, tal movimento fica difícil em "The Call of Cthulhu". O filme foi produzido pela "H. P. Lovecraft Historical Society", uma instituição gerada por e para fãs do grande escritor americano de horror. Desta maneira, o média-metragem é mais do que simplesmente baseado na estória mais famosa de Lovecraft, se colocando como uma homenagem a ela; singela, mas ainda assim celebrativa.
O tom referencial e reverencial se mantém nas escolhas estéticas e narrativas. Um filme de terror moderno em preto e branco, mudo e que faz uso de Stop Motion - a lista de elementos comuns a eras passadas do cinema poderia continuar - é metalinguístico. E, neste caso, tal articulação parece ter muito a ver com a possibilidade de se conceber para as telas a estória de Lovecraft com elegância dependendo de um orçamento limitado; afinal, recursos técnicos atuais discretos também são usados visando a praticidade.
O resultado é bem preciosinho. A boa trilha sonora dá o arremate vintage na obra. Fica a dúvida: pessoas que não são familiares com a obra de Lovecraft e/ou com o cinema mudo apreciariam este "The Call of Cthulhu"?
Maiores informações sobre o filme: http://www.cthulhulives.org/

 Trailer sem legendas

Download: torrent e legenda

Cenário inspirado pelo Expressionismo Alemão?

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Padre Pedro e a Revolta das Crianças (1984)

Padre Pedro é um homem obstinado à causa do catolicismo. Sua tarefa é defender e recuperar as igrejas ameaçadas pelos incrédulos e malfeitores. Vive viajando de cidade em cidade a fim de cumprir sua missão sagrada. É acompanhado por um carneiro e um bode. Ele chega a Serinhaem, uma velha cidade onde existe um grupo de indivíduos comandado pelo bandido Rodrigo Napu. Este elemento é temido pela população. Napu mandou fechar a igreja à qual um jovem sacristão continua fiel, sempre a espera de um novo padre. A presença de Padre Pedro começa uma série de aventuras.


Como é seu senso de humor? Dependendo da resposta é extremamente necessário que você veja o inacreditável "Padre Pedro e a Revolta das Crianças". Autêntico exemplar do cinema popular da "Boca do Lixo" esta fita, dirigida pelo curioso cineasta Francisco Cavalcanti, traz um elenco que por si só já vale a conferida: Pedro de Lara, José Mojica Marins, Gugu (ele mesmo, o apresentador), Wilza Carla e Ivo Holanda plus Carlinhos Aguiar (aqueles das "pegadinhas"). Como se as infinitas probabilidades inusitadas já não estivessem suficientemente sugeridas, eis que o argumento e roteiro da obra, assim como as músicas, são de autoria dele, que também é o protagonista da trama, o humorista Pedro de Lara.
Se alguma expectativa deve se criar num contexto desses é a de dar boas gargalhadas. E elas rolam. Muitos erros do ponto de vista técnico. E daí? Alguém estava esperando um primor de edição ou um trabalho competente do continuísta quando pensou em ver esta obra? Será que alguém ansiava por alguma mensagem séria que não fosse clichê? Por favor! O que se vê na tela é uma relíquia divertidamente despretensiosa, muito embora este resultado provavelmente não fosse a intenção de seus executores, de uma época do cinema brasileiro em que um trabalho artesanal atingia o povão em cheio. Legal.

Comercial do filme "Padre Pedro e a Revolta das Crianças" no Canal Brasil

                                        IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0441413/
Download: se alguém achar um link pra baixar, favor postar nos cometários!

Pusher (1996)

Filme dinamarquês que originou uma trilogia violenta sobre o submundo do crime em Copenhague. Aqui o foco é Frank, um pequeno traficante que vive de golpes e sofre para escapar da perseguição implacável dos grandes chefões do crime.


"Pusher" tem maior relevância quando colocado dentro do contexto geral da obra de Nicolas Winding Refn. O diretor dinamarquês, aos 24 anos, em seu primeiro longa já apresenta elementos centrais do que lhe confere, questionavelmente, o título de um dos cineastas mais autorais da atualidade.
A distinção no trato da violência sobressalta aos olhos do espectador. O recorte que se faz da constante tensão que atravessa a obra é sublinhado por câmeras inquietas e tremidas que acompanham os personagens numa espécie de proximidade voyeurística pessoal que cria grande empatia.
A narrativa é envolvente, mas "paradona"; nisso, a agressividade que subjaz no silêncio que faísca explode naturalmente e, por isso mesmo, choca em um nível maior. Este é o paradoxo que vem se fazendo assinatura do trabalho de Winding Refn e se mostra mais forte em exemplares posteriores de seu cinema como "Bronson" e "Drive", de maneira que "Pusher" parece um rascunho válido para tais obras maestrais.
Destaque para o uso da trilha sonora. Esta geralmente faz parte do ambiente; ou seja, tem sua fonte dentro do espaço onde a ação se desenrola. Um pingo de música pauleira aqui e outro ali, no meio de extensos silêncios, contribuindo para gerar aflição crescente; mais um tantinho de música árabe em ápices de adrenalina conferindo uma sensação toda peculiar e estranha às cenas.

Sequência do filme legendada em inglês.

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Olhos de Gato (1985)

Três histórias do mestre do terror Stephen King interligadas por um misterioso gato: um jogador de tênis é forçado a participar de um jogo mortal, porque tinha um caso com a mulher de um terrível mafioso; um homem descobre que parar de fumar vai ser um pesadelo maior do que temia e uma menina é aterrorizada por um pequeno monstro.


Filme de horror bem oitentão nos efeitos e estimulante em pequena escala num sentido cômico mesmo. Feito de três episódios que independem uns dos outros, em comum têm a presença dispensável de um gato que só se faz relevante na última estória. Tudo bem, era de se esperar mais de um roteiro de Stepehn King, mas a direção de Lewis Teague também não ajuda.
Contudo, o primeiro episódio é capaz de despertar reflexões sobre questões que envolvem disciplina; o segundo pode dar um nervosinho, especialmente em pessoas que têm medo de altura; e o terceiro garante, no mínimo, boas risadas. Enfim, num todo, uma boa diversão para almas despretensiosas e pouco exigentes.
Destaque para o uso óbvio e engraçado da música "Every Breath You Take" do The Police.
Ps: a pequena Drew Barrymore é melhor que a atriz "madura", fato.

Trailer sem legendas

Download: Torrent e Legenda 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Canção da Liberdade (1976)

Este filme traz a "biografia" do legendário cantor de folk e guitarrista Huddie Ledbetter (Leadbelly) com direito a suas estórias de início de carreira e da época em que esteve preso no Texas.


O filme fica devendo muito à verdadeira vida do real e lendário e talentosíssimo Leadbelly. Prevalece a impressão, pra quem conhece os percalços pelos quais o artista passou, de que a HISTÓRIA é mais ficcional que a própria ficção. No entanto, "Canção da Liberdade" não deixa de ser válido como um contato inicial, mesmo que superficial, com o imensurável legado, que está muito além de questões biográficas, deste extraordinário músico.

Filme completo no youtube sem legenda



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O Incrível Homem que Encolheu (1957)

Scott Carey começa a diminuir de tamanho sem uma explicação aparente e tem de aprender a lidar com esta situação absurda.


Fantástico filme de ficção científica com fortes toques de terror, suspense e aventura. Enquanto a maioria dos filmes do gênero da época mostravam extraterrestres e/ou avanços tecnológicos mirabolantes, "O Incrível Homem Que Encolheu" lida basicamente com os conflitos e necessidades individuais do ser humano perante uma grande mudança na perspectiva com a qual ele enxerga e lida com o mundo à sua volta.
Sem uma explicação concreta para o motivo pelo qual está encolhendo cada vez mais, protagonista e espectador percebem o quão tal explanação é menor conforme os obstáculos enfrentados por Scott Carey se tornam mais extremos e, paradoxalmente, envolvem de maneira interessante elementos rotineiros do homem comum. Tudo isso salpicado com muita adrenalina.
A questão do "outsider" é outra que atravessa o filme. Não é à toa que em determinado momento um circo de aberrações aparece na trama. Acontece que quando o protagonista está se acostumando com sua condição e se encaixando num grupo, ele toma outra porrada e se conscientiza de seu inevitável rumo à solidão total. A estória, que poderia facilmente resultar num final pessimista ou otimista nos significados estritos dos termos, consegue desaguar numa reflexão um pouco piegas - e aí deve-se levar em conta o contexto temporal em que o filme foi feito - mas que foge do lugar comum com um quê metafísico e até mesmo existencial.
Pra deixar a obra ainda melhor, os efeitos especiais são surpreendentemente bons. A relação de proporção, tão importante para a trama, em nenhum momento é inverossímil. Recomendadíssimo.

Trailer em inglês sem legendas

Download: torrent e legenda

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Êxtase (1933)

"A jovem Eva se casa com um homem mais velho, ao descobrir sua falta de interesse sexual, termina se apaixonando por um jovem operário que encontra casualmente.
As cenas de nudez protagonizadas por Hedy Lamarr, ao nadar no lago ou a correr por entre as árvores, foram motivos de censura em vários países por anos. Uma outra seqüência que escandalizou a sociedade da época foi aquela em que, em sua primeira relação, a jovem expressa o êxtase sexual no seu rosto, dando origem ao título do filme".


Sem dúvida uma produção checo-austríaca ousada para sua época. Além das comentadas cenas de nu feminino, rodadas com extremo bom gosto, e da impressão de orgasmo obtida em determinado take pelas expressões faciais da protagonista, "Ekstase" aborda temas espinhosos para serem tratados em salas de exibição, levando em consideração seu contexto temporal, como o divórcio e o suicídio.
A estética cinematográfica apresentada é classuda como num exemplo de bom cinema mudo: a fotografia é belamente detalhista e metáforas imagéticas são usadas com muito sucesso na demonstração de sentimentos dos personagens e de suas posturas perante as variadas situações em que se encontram.
O ponto negativo fica por conta da obra se encontrar no limbo do período de transição entre filmes mudos e falados. Por esta razão falas desnecessárias são colocadas num esquema de dublagem dúbia. Só isso. Todo o resto no filme é extremamente necessário.

Filme completo no youtube legendado em inglês


 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Jubilee (1978)

A Rainha Elizabeth I viaja para a Inglaterra de fins do século XX para se deparar com uma paisagem dura e depressiva onde a vida parece despropositada e é levada de uma maneira barata. Neste contexto, três meninas "post-punks" tentam escapar de suas existências vazias como podem, às vezes cometendo assassinatos para se livrarem do tédio que as domina.


Então, se você está esperando um filme vigoroso, que use de certa irascibilidade imediatista para ir direto ao ponto, como um bom número de punk rock, esqueça "Jubilee". Sendo Derek Jarman um cineasta notório por sua poética cinematográfica por vezes densa e hermética, não deixa de ser curioso saber que por muitos "este filme é considerado o primeiro filme punk da História". Realmente, no tangente à temática, existe um certo niilismo abordado e uma crítica à manipulação exercida pelo sistema que pode remeter ao punk rock inglês e seu expoente máximo, o Sex Pistols. O visual de alguns personagens também lembra o do punk rock INGLÊS. De resto, as participações de algumas figuras emblemáticas do movimento como Wayne County, Adam Ant, The Slits e Siouxsie and the Banshees atuando e/ou por meio de videoclipes musicais também dão um gostinho "No Future" à obra. No mais, é questionável se "Jubilee" é mais, ou tão punk, quanto alguns filmes anteriores de Andy Warhol, Paul Morrissey ou mesmo John Waters. Desta maneira o espectador deve manter a mente aberta para a viagem conceitual iconoclasta que Derek Jarman porpõe, considerando a questão punk como nada mais do que um pano de fundo translúcido.

Trailer sem legendas


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ex Drummer (2007)

Três perdedores aleijados querem formar uma banda e pedem a um famoso escritor que seja o baterista. Este aceita a proposta e começa a manipulá-los.


Tinha tudo pra ser mais um filme "moderninho" no sentido pejorativo do termo. As inversões, e não as alternativas, com relação às convenções do dito "cinema clássico" começam na maneira inventiva como os créditos são colocados. Elas assim permanecem onipresentes durante todo o filme, seja nas posições espaciais nem um pouco usuais dos personagens em cena, fragmentadas por uma montagem nervosa, ou pelas colocações das câmeras, que traduzem um ponto de vista bem singular. Tudo se justifica conforme o tema principal da obra, a destruição, vai sendo demonstrado.
A gráfica sanguinolência, com direito a piroca gigante cortada sobre a mesa enquanto cadáveres com feridas expostas trazem reminiscências de seu passado ao espectador, não é gratuita. Aliás, nada é gratuito. Todo os movimentos de "Ex-Drummer" são justificáveis na demonstração caótica de um mundo onde o individualismo seria a única proteção e, quem sabe, razão de existir - e isso não por ser razoável, e sim a provável opção viável; afinal, o ser humano é um monstro sádico, canibal e mongolóide no meio de uma selva gélida.
Esta obra dá uma noção de como um filme mais contemporâneo pode trazer uma pitada de experimentalismo sem soar presunçoso. Boas atuações, que com toda a efervescência de ânimos dos personagens, mantêm um distanciamento quase frio deles mesmos - fator que realça os ápices de conflitos na trama; bom roteiro capaz de transpor uma qualidade quase lírico-musical para a tela; e pra completar, uma trilha sonora que, em vários momentos, tira músicas formidáveis da cartola. Enfim, experiência mais do que válida.

Trailer legendado em inglês


Fuga Alucinada (1974)

Larry e Deke gostam de corridas de carros. Eles roubam um mercado e pretendem usar o dinheiro obtido para comprar um veículo bom com o qual tenham chances em competições profissionais. Quando começam sua fuga, a eles se junta Mary, uma menina com a qual Larry passou uma noite. Pra complicar ainda mais a situação, um xerife determinado os caça incansavelmente em perseguições que fazem o espectador perder o fôlego.


Clássico filme do gênero. Quem curte perseguições de carro autênticas, filmadas na raça, com dublês verdadeiramente destemidos, em que uma montagem afiada ajuda na linda e frenética dança das máquinas, não pode perder "Dirty Mary Crazy Larry".
Os diálogos são econômicos e eficazes e o final é explosivo em todos os sentidos. Tarantino, ao citar este filme em seu "Death Proof", presta serviço aos cinéfilos de plantão lembrando aos pueris que existia adrenalina antes do CGI. Nada contra o cinema tipo "Duro de Matar 4.0", mas organicidade ainda faz diferença.



sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Ebola Syndrome (1996)

"Kai (Anthony Wong Chau-Sang), um sociopata irrecuperável, foge para a África do Sul após assassinar cruelmente o patrão e seus familiares. Na África, encobre seus passado criminoso assumindo outra identidade e trabalhando em um restaurante chinês. Os problemas recomeçam quando Kai estupra uma mulher portadora do vírus Ebola. Desconhecendo estar infectado ele espalha a doença através de seus fluídos corporais. Enquanto a cidade entra em pânico, Kai recomeça um novo ciclo de horror, envolvendo assassinatos, estupros e canibalismo".


Filme legal. Às vezes parece saído direto dos anos 70, lembrando algo do ciclo canibal italiano ou alguma série de ação com uma pitada de horror - mais por uma questão estilística que temática.
O vilão escroto, inconsequente e impulsivo tem destaque e Yi Boh Lai Beng Duk é supreendentemente prolífico. Mesmo assim, os tons trash abundam pela maneira barata e gratuita com que temas ainda polêmicos, como sexo e violência, são abordados.
De tão caricaturais, muitos momentos são extremamente engraçados e nojentinhos. Diversão garantida. 

Filme completo no youtube legendado em inglês.