quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Feriado no Harém (1965)

Ao visitar um país no Oriente Médio, um ídolo das matinês chamado Johnny Tyronne é forçado a ajudar assassinos que desejam destronar o rei. Simultaneamente ele se apaixona por Shalimar, a filha do monarca.


Aqui Elvis Presley é Johnny Tyronne, herói de ação nas grandes telas e fora delas também. Basta considerar tal premissa para concluir que "Feriado no Harém" não é um filme para ser levado a sério. Para aumentar o clima caricatural, além de um cultura árabe retratada de maneira estereotipada e pasteurizada, fator condizente com os padrões gerais hollywoodianos, os números musicais, que contam com algumas canções muito boas, são bem deslocados. Aquela atitude tão comum a personagens do gênero musical, de sair cantando de repente do nada, que às vezes tanto incomoda, aqui é mais presente que em outros filmes com o Rei onde suas apresentações são melhor contextualizadas. Nestes filmes, por exemplo, o personagem de Elvis seria um músico chamado ao palco para cantar com uma banda: esta criação de atmosfera aumenta a verossimilhança e credibilidade da obra.
Enfim, credibilidade não é algo para se levar em consideração ao assistir "Harum Scarum". A grande sacada é se deixar levar pela curiosidade com relação à maneira como introduziram Elvis Presley no "mundo árabe", preparar pipoca e refrigerante, não esquecendo de reservar um espaço para dançar. E pronto. O filme vai ser aproveitado como deve e merece. O resto é a conclusão de que o Rei se sai melhor com um pé fincado em James Dean e outro em Marlon Brando do que tentando encostá-los em Rodolfo Valentino.

Trailer em inglês sem legendas.

Download:  torrent e legenda

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Lunacy (2005)

"O filme propõe, em essência, o debate ideológico sobre a gestão de um manicômio. Em principio, existem duas maneiras de fazê-lo. Ambas são igualmente extremas. Uma encoraja a liberdade absoluta; a outra, o método obsoleto e comprovado de vigiar e castigar. Mas há um terceiro método que combina e reúne os piores aspectos dos dois primeiros. É o manicômio em que todos vivemos hoje." Jan Svankmajer


Apesar de às vezes soar um pouco ingênuo para um filme de 2005 por adotar alegorias um tanto óbvias em relação às representações dos seres humanos, "Sílení" é um filme bom. Muito embora um tanto megalômano no propósito alardeado por seu diretor durante o prólogo, o de retratar o manicômio em que todos vivemos hoje, talvez seja um dos melhores filmes a lidar com universo sadeano de maneira não literal. Também há Poe nele, mas menos. Esta obra da República Checa, de uma perspectiva cinematográfica e temática, traz uma abordagem que está mais para um Buñuel ou um Ferreri do que para um filme de horror convencional. O terror aqui é a paranóia e o inferno do eterno retorno. De um senso humorístico quase sisudo, pois assumidamente pessimista, não recomendado para quem quer esquecer da natureza da própria condição de sua existência.

Trailer legendado em inglês.