Bom filme de Lucio Fulci que consegue dar a sua versão de um conto de Edgar Allan Poe. O horror despudorado, áspero e grosseiro pelo qual o diretor italiano é notório aqui se faz presente nas cenas de morte e nos ataques do gato preto. Em tais momentos de ação, que incluem batida de carro, incêndio, queda seguida de perfuração e morcegos ávidos por sangue; o gore sobressalente junto à presença de dublês e bonecos dão ao filme uma aura artesanal e raçuda, com charmosos efeitos especiais canastrões. O exagero também está presente na obra por meio das atuações.
Contudo, surpreendente mesmo é o apuro técnico no uso das câmeras durante o desenrolar da trama. As mudanças sobre os objetos em foco e fora de foco num mesmo plano conduzem com maestria a atenção do espectador. Os closes abundantes nos rostos e olhos dos personagens cumprem seu papel sublinhando sentimentos e colocando em evidência a questão do domínio da mente. Os próprios movimentos das câmeras, com tomadas de ângulos inusitados e inúmeras subjetivas inspiradoras, são extremamente eficazes. Pra completar, há o uso do recurso narrativo do flash como numa homenagem aos clássicos "A Tortura do Medo" e "Janela Indiscreta". Dá pra perder?
Trailer em inglês sem legendas.