A distinção no trato da violência sobressalta aos olhos do espectador. O recorte que se faz da constante tensão que atravessa a obra é sublinhado por câmeras inquietas e tremidas que acompanham os personagens numa espécie de proximidade voyeurística pessoal que cria grande empatia.
A narrativa é envolvente, mas "paradona"; nisso, a agressividade que subjaz no silêncio que faísca explode naturalmente e, por isso mesmo, choca em um nível maior. Este é o paradoxo que vem se fazendo assinatura do trabalho de Winding Refn e se mostra mais forte em exemplares posteriores de seu cinema como "Bronson" e "Drive", de maneira que "Pusher" parece um rascunho válido para tais obras maestrais.
Destaque para o uso da trilha sonora. Esta geralmente faz parte do ambiente; ou seja, tem sua fonte dentro do espaço onde a ação se desenrola. Um pingo de música pauleira aqui e outro ali, no meio de extensos silêncios, contribuindo para gerar aflição crescente; mais um tantinho de música árabe em ápices de adrenalina conferindo uma sensação toda peculiar e estranha às cenas.
Sequência do filme legendada em inglês.
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