sábado, 6 de abril de 2013

2LDK (2003)

Duas atrizes fazem audição para um papel e dividem o mesmo apartamento em que ambas, com personalidades bem diferentes, passam uma noite que não irão esquecer - isto se sobreviverem a ela.


Filme muito bom. É sempre impressionante a fantástica capacidade que os japonese têm de se utilizar do cinema extremo para construir alegorias do absurdo enraizado profundamente na pós-modernidade. Certo que algumas questões, como a inveja e a competitividade, têm se mostrado intrínsecas à natureza humana através dos tempos. Acontece que em determinados momentos históricos uma mesma tendência, por mais que tenha consequências iguais, assume particularidades distintas. E nisso a questão oriental/ocidental aqui carece de relevância.
"2LDK" dá um tapa na cara do espectador escancarando toda a vaidade e egocentrismo que brotam do individualismo consumista nos tempos atuais e que, geralmente, são eclipsados pela rotina do cotidiano. Pra isso o diretor e roteirista Yukihiko Tsutsumi parte de uma ideia relativamente simples: duas atrizes que almejam determinado papel dividindo o mesmo teto. Como em "O Anjo exterminador", de Luis Buñuel, a fruta podre da existência vai brutalmente sendo descascada e os instintos básicos do homem, independentemente de virtudes, provocam gargalhadas nervosas em quem se sente refletido na sua exposição - ou seja, em qualquer pessoa com um grau mínimo de autoconhecimento. Enfim, o HOMEM destrói mesmo quando vislumbra a possibilidade de angariar algo se unindo ao outro.
Se há um detalhe que não condiz com a competência da obra são os conflitos entre as personagens, que às vezes parecem mal desenvolvidos. Mas isto pode ser em prol de uma dinâmica narrativa mais objetiva. De resto, para um filme de estrutura basicamente teatral, no sentido estrito do termo, ele eficientemente se sustenta. Boa montagem, convincente maquiagem, ótimas atuações e cenografia condizente. Todo um trabalho bem-sucedido em causar choque hilário, como um despertador que toca "Death Metal".
Ps: observações em voz-off necessárias, algo raro no cinema em geral.

Pequeno clipe com parte do filme (legendas em inglês).


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Ama-me com Ternura (1956)

Em seu primeiro papel no cinema, Elvis interpreta um dos irmãos Reno, Clint. Ele ficou em casa enquanto seu irmão, Vance, foi lutar na Guerra Civil americana pelos confederados. Quando este retorna para casa, perecebe que sua antiga namorada está casada com Clint. A família então deve lutar por estabilidade assombrada por este problema. Além disso, Vance está envolvido num roubo de trem e encara certos conflitos de interesse quando decide devolver o dinheiro.


Em "Ama-me Com Ternura" Elvis Presley não interpreta um garanhão cheio de autoestima. Muito pelo contrário. Em boa parte do filme seu personagem, Clint Reno, reflete uma ingenuidade até certo ponto irritante - e com certeza o fato deste ser o primeiro papel do Rei para o cinema ajudou na composição de tal característica.
O enfoque aqui parece cair mais no contexto que envolve um de seus irmãos, Vance Reno, interpretado por Richard Egan, e sua sóbria paixão pela estonteante Cathy Reno, Debra Paget. O enredo capta a atenção do espectador numa tragédia familiar que, apresentada de maneira um tanto quanto direta para os filmes de grande circuito da época, parece trazer um toque genérico do melhor Elia Kazan, sempre no bom sentido.
Para concluir, alguns números musicais antológicos com os movimentos pélvicos que escandalizaram o mundo ocidental e mais a curiosidade de ver um Elvis inseguro e passional arrebentando a cara de uma mulher.

Trailer sem legendas.

Download: torrent e legenda

domingo, 13 de janeiro de 2013

A Cruz de Ferro (1977)

Em 1943, após uma nova e bem sucedida missão na frente Russa, o condecorado soldado Rolf Steiner é promovido a sargento. Enquanto isso, o arrogante capitão Stransky recebe a missão de comandar seu pelotão. Após uma sangrenta comandada por Steiner contra as tropas russas, o covarde Stransky mente dizendo que foi ele quem liderou os soldados no combate e exige ser condecorado com a "Cruz de Ferro". Para comprovar sua atuação no combate, ele dá os nomes de Steiner e do tenente Triebig como testemunhas. Acontece que Steiner tem problemas com a arrogância de Stransky e se recusa a participar da fraude. Como vingangça, Stransky não transmite a ordem para que o pelotão de Steiner retorne de sua posição na frente de combate, assim sendo ele é abandonado sozinho e cercado pelos inimigos. Agora, para retornar, os soldados terão que lutar por suas vidas.


Sam Peckinpah faz um cinema viril. "A Cruz de Ferro" é um grande exemplo suado de um ótimo e autêntico Peckinpah. Muitas cenas de ação, extremamente bem elaboradas, são mostradas em câmera lenta, no que se pode considerar um recurso estilístico característico do diretor, usado de maneira a expor maior profundidade no sentido de causar impacto reverberante no espectador.
De um prisma altamente pacifista, incomumente retratando "humanidade" do lado alemão das trincheiras durante a Segunda Guerra Mundial, o filme ataca a carnificina com o niilismo. No desenrolar de seu enredo, conforme se acompanha a curva de personalidade de seu protagonista, qualquer estrutura hierárquica é desintegrada no caos da guerra, que se percebe tão natural quanto sem propósito. Vale conferir.
Aviso: a versão em dvd que está circulando no mercado nacional, do selo Spectra Nova, é péssima. A qualidade de imagem e som, que às vezes chega a ser dessincronizado, é horrível. Pra piorar, a legenda é de um português pífio. Não recomendada!

 Trailer sem legendas.

Download: torrent e legenda