sexta-feira, 6 de julho de 2012

Shogun's Sadism (1976)


Duas estórias distintas passadas no Japão durante o Período Edo.
Na primeira estória, numa época em que cristãos eram perseguidos, Iori se apaixona por uma garota cristã. Quando a família da menina é capturada, o mestre de Iori, um louco sádico, a toma como sua escrava e a submete às mais escabrosas torturas com uma excitação extra pelo fato dela ser o alvo do amor de seu servo.
Na segunda estória, quando Sutezo é obrigado a trabalhar para o cruel dono de um bordel para o qual está devendo dinheiro, ele acaba virando amigo da jovem prostituta Sato. Juntos eles fogem e tentam se virar por meio de esquemas ilícitos.


Este filme é uma verdadeira relíquia para fãs do cinema extremo. Ele é pra você, fã de torture porn, gênero que discutivelmente teria começado com o primeiro "Jogos Mortais". Se alguém compartilha desta opinião, pode-se dizer que "Shogun's Sadism" definitivamente faz parte da linha evolutiva do gênero. Este filme também é para você, fã do cinema grotesco japonês, que quando é grotesco realmente o é, remontando as suas raízes.
Durante as cenas realistas de tortura é impossível não lembrar de Salò, de Pier Paolo Pasolini. Inclusive, a primeira estória compartilha deveras da filosofia sadeana, onde os mais fortes prevalecem sobre os mais fracos, a virtude é motivo de troça e há a total "coisificação" do corpo humano. O único fato que corta esta vertente são os poucos segundo finais que sugerem um final feliz em outro plano metafísico.
Já o segundo episódio é menos tenso. Além de um maior desenvolvimento das personalidades dos personagens, movimento que cria uma certa empatia com o espectador, há inclusive momentos de comédia que proporcionam certas pausas de alívio. Mesmo assim, num todo, a obra é extremamente impiedosa.
"Shogun's Sadism" é bem dirigido e filmado. A classe do cinema japonês, na maioria das vezes soberana, se mantém como geralmente acontece nos filmes nipônicos de época. Os atores cumprem seu papel e a trilha sonora pouco usual está de acordo com o incômodo causado por este exercício sanguinolento.
Se o filme de Yûji Makiguchi pretende exercer alguma crítica com relação à história, ela pode ser sublinhada com as imagens de horror real que aparecem nos créditos. O ponto negativo fica para o embaçamento sobre as genitálias dos personagens quando estas deveriam aparecer, procedimento que ocorre, inclusive, nos filmes pornôs japoneses atuais. E isto também é uma questão aqui no ocidente, mais velada mas válida para discussão. É estranho e parece hipócrita que a violência extrema tenha mais aceitação do que certas partes do corpo, mas isso já é outro papo que não cabe aqui.
Enfim, confiram esta experiência.




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