domingo, 29 de julho de 2012

7 Dias (2010)

Bruno Hamel é um cirurgião de 38 anos. Ele mora em Drummondville com a sua esposa Sylvie e a sua filha Jasmine de 8 anos. Seu mundo desmorona num determinado fim de tarde, quando sua filha é estuprada e assassinada. Sendo o suspeito preso, uma duvidosa ideia surge na mente de Bruno. Ele planeja capturar o “monstro” e fazê-lo pagar por esse crime. No dia em que o acusado aparece no tribunal, Hamel o sequestra e envia à polícia uma breve mensagem dizendo que o estuprador e assassino de sua filha será torturado por 7 dias e então executado.


O tema da vingança já foi explorado de várias formas no cinema. A engenhosa trilogia de Park Chan-wook e o duro preciosismo de "A Fonte da Donzela" de Ingmar Bergman figuram entre os bem sucedidos exemplos. "I Spit on your Grave", o primeiro, também merece destaque ao retratar o "toma lá dá cá" no extremismo alegórico do gênero exploitation.
Isto para falar que o canadense "Les 7 jours du talion" veio para marcar território num terreno já batido. O filme é bem interessante. De um ritmo plácido, a grande turbulência é, em sua maioria, desenvolvida na interpretação de Claude Legault, que supera expectativas.
A natureza reflexiva da obra fica bem explícita, e isso pode soar como um contra-senso, na bela escolha de metáforas relevantes para a desintegração e/ou desconstrução do que é considerado realidade e o subsequente auto-questionamento do protagonista - para isso basta lembrar, por exemplo, do viado morto em decomposição e das diferentes maneiras que ele é apresentado em momentos diversos.
Este filme é quase um ensaio sobre o vazio da existência. Que soe blasé, mas não há melhores palavras para descrever o que ele faz ao retratar a constante pulsão geral do ser humano que, como Bataille analisa com relação ao sexo em "O Erotismo", mais do que frequentemente resulta no nada. Desolador.

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